Campo magnético terrestre e suas anomalias

O campo magnético da Terra funciona como uma proteção da radiação espacial, interagindo com elas e desviando-as de sua trajetória inicial. Por isso, pode-se dizer que a Terra se comporta como um ímã gigante.

De acordo com o livro Geofísica de exploração, nas vizinhanças de uma barra magnética desenvolve-se um fluxo magnético que flui de uma extremidade a outra, sendo essas extremidades conhecidas também como polos. Na Terra, o polo do magneto que tende a apontar na direção do polo norte é chamado de norte magnético ou polo positivo. Este polo é balanceado por um sul magnético ou polo negativo de força idêntica, que fica na extremidade oposta do magneto.

Ilustração do campo magnético terrestre, com o norte geográfico coincidindo com o sul magnético, e o sul geográfico coincidindo com o norte magnético.

Campo magnético terrestre e suas anomalias

Este fluxo magnético descreve a estrutura do campo magnético. A agulha da bússola aponta ao longo de uma linha de campo. Quanto mais próximas as linhas de campo, maior será a sua intensidade e, quanto mais afastado, mais fracos os campos magnéticos.

A força desses campos pode ser definida por constantes correspondentes à permeabilidade magnética do vácuo e à permeabilidade magnética relativa do meio que separa os polos. Com isso, as forças podem ser atrativas se os polos forem de sinais diferentes, ou repulsivas se forem do mesmo sinal.

Embora ainda não exista uma hipótese concreta para a origem do campo magnético terrestre, a teoria mais aceita diz que ele se origina das intensas correntes elétricas que circulam seu interior, e não da existência de grande quantidade de ferro magnetizado também em seu interior.

Por que o campo magnético é importante para a geofísica?

Os geofísicos estudam o comportamento do campo geomagnético da terra, que consiste em um conjunto de fenômenos que resultam das propriedades magnéticas das rochas. Essas pesquisas são necessárias tanto para a redução de dados magnéticos para um datum apropriado quanto para a interpretação das anomalias resultantes dos processos. Além disso, o campo geomagnético é geometricamente mais complexo que o campo gravitacional da Terra, exibindo variações irregulares que precisam ser melhor compreendidas.

Anomalia Magnética do Atlântico Sul 

Esse fenômeno, que acontece na região Sul do oceano Atlântico, passou a ser visível a partir da década de 1940 com o início da elaboração de mapas magnéticos. Apesar disso, as causas dessa anomalia permaneceram desconhecidas até 2006, quando um estudo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP mostrou que um fluxo reverso no núcleo da Terra é o responsável pelo fenômeno.

A pesquisa foi elaborada pelo geofísico Gelvam Hartmann, que detectou pontos na região de encontro do manto e do núcleo terrestre, do fluxo reverso que se reflete na área da anomalia. De acordo com a pesquisa divulgada pela FAPESP, essas áreas de campo magnético de intensidade muito baixa comportam-se como janelas, falhas na teia magnética que protege a Terra do fluxo de partículas do Sol e do universo. Por isso, nessas regiões os astronautas ficam mais expostos à radiação, e há maior chance de ocorrer interferências nas ondas de rádio e problemas na transmissão de energia elétrica.

Apesar da descoberta, ainda não se sabe por que esse fenômeno acontece somente no Atlântico Sul. Atualmente, o Brasil está completamente dentro da área de abrangência da anomalia, e o seu centro encontra-se no Paraguai, mas, de acordo com Hartmann, há 400 anos ela se localizava no sul do continente africano e apresentava intensidades maiores.

Você sabia…

…que a NASA divulgou a descoberta de portais no campo magnético terrestre?

Segundo o portal da agência americana, Jack Scudder, cientista da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, conseguiu identificar a presença dessas passagens no campo magnético terrestre por meio da análise de dados coletados pelas espaçonaves Themis e Polar da NASA e sondas espaciais da agência espacial europeia. O cientista observou cinco combinações simples entre campo magnético e executou a medição de partículas que indicam a presença de portais, que, de acordo com Scudder, são pontos nos quais o campo magnético terrestre se conecta ao do Sol, criando uma passagem ininterrupta entre o nosso planeta e a atmosfera solar, que se encontra a 150 milhões de quilômetros.

Ainda de acordo com as observações, esses portais possuem diferentes tamanhos e se abrem e fecham diversas vezes por dia. As passagens permitem a entrada de partículas capazes de aquecer as camadas mais externas da atmosfera do planeta, podendo desencadear tempestades geomagnéticas e dar origem às auroras boreais.


Para saber mais

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A obra é recomendada para estudantes, professores e profissionais de áreas técnicas e científicas que de algum modo utilizam aplicações geofísicas em seu trabalho.