Drenagem urbana: canalização × reservação

Em 1989, o engenheiro Stuart G. Walesh classificou as diretrizes gerais de projeto de drenagem urbana em “conceito de canalização” e “conceito de reservação”

As medidas não convencionais em drenagem urbana podem ser entendidas como estruturas, obras, dispositivos ou mesmo conceitos diferenciados de projeto cuja utilização não se encontra ainda disseminada. São soluções que diferem do conceito tradicional de canalização, mas podem estar a ela associadas, para adequação ou otimização do sistema de drenagem.

Foto aérea da construção do sistema de reservação no Jardim Santos Dumont, com capacidade de 1,5 milhão de litros.

Sistema de reservação no Jardim Santos Dumont, em Paranavaí (PR), que terá capacidade de 1,5 milhão de litros (Fonte: Diário do Noroeste)

Entre as medidas não convencionais mais frequentemente adotadas, destacam-se aquelas que visam incrementar o processo da infiltração; reter os escoamentos em reservatórios; ou retardar o fluxo nas calhas dos córregos e rios. Também se incluem as medidas destinadas a proteger as áreas baixas com sistemas de diques do tipo pôlder, e derivar os escoamentos, promovendo bypass em áreas afetadas.

As soluções que envolvem a retenção dos escoamentos são compostas por estruturas que amortecem os picos de vazão por meio do conveniente armazenamento dos deflúvios. Stuart G. Walesh classifica as diretrizes gerais de projeto de drenagem urbana em “conceito de canalização” e “conceito de reservação”. Ele apresenta uma comparação entre as características dos dois conceitos, cuja adaptação está no quadro abaixo.

Quadro de características da canalização e da reservação, de acordo com Walesh.

(Imagem retirada do livro Drenagem urbana e controle de enchentes. Todos os direitos reservados à Oficina de Textos)

O “conceito de canalização” definido por Walesh refere-se à prática da canalização convencional exercida por décadas no mundo todo e particularmente no Brasil, voltada à implantação de galerias e canais de concreto, ao tamponamento dos córregos, à retificação de traçados, ao aumento de declividades de fundo e demais intervenções, que visavam, prioritariamente, promover o afastamento rápido dos escoamentos e o aproveitamento dos fundos de vale como vias de tráfego, tanto laterais aos canais como sobre eles.

Em grande parte das bacias afetadas por inundação, verifica-se que a ocupação urbana local desenvolveu-se no sentido de jusante para montante do rio/córrego. Ou seja, à medida que a bacia se desenvolve, os picos de vazão afluentes às canalizações nas porções de jusante crescem, e a solução para compatibilizar as capacidades torna-se difícil ou mesmo inviável, muitas vezes pela própria presença da urbanização, já bastante consolidada nas áreas mais baixas, ribeirinhas aos córregos.


Para saber mais

Drenagem urbana e controle de enchentes apresenta interessantes estudos e projetos de contenção de enchentes, além da complementação e atualização da parte metodológica, principalmente ao que se refere aos estudos hidrológicos, às novas medidas sustentáveis de controle de poluição difusa e enchentes e também aos estudos de viabilidade econômica das obras de drenagem urbana.

Capa de Drenagem urbana e controle de enchentes.