Entrevista com Lucas C. de Souza Cavalcanti
Autor de Cartografia de Paisagens – 2ª ed. fala a equipe do Comunitexto sobre as novidades apresentadas na segunda edição e como é o trabalho de um cartógrafo

A Cartografia tem recebido uma diversidade de complementos: Temática, Geotécnica e de Geossistemas, entre outros. Nesta pequena e preciosa obra, o autor resgata, da essência da Geografia, o arquétipo das paisagens. Lucas Cavalcanti também comenta sobre como é ser um cartógrafo.
Comunitexto: São 4 anos que separam a 1ª da 2ª edição? O que mudou? O que foi incluído? Quais os motivos dessas mudanças?
Lucas Cavalcanti: A primeira edição foi pensada como um produto prático para os estudantes, que me questionavam sobre um manual que integrasse diferentes aspectos da leitura de paisagens. Nesta nova edição, a quantidade de conceitos da versão anterior foi reduzida e as ideias principais do livro foram mais bem exploradas, como os princípios metodológicos e os condicionantes gerais da diversificação das paisagens, sumarizados no tripé: potencial natural, atividade biológica e apropriação cultural.
Uma atenção maior foi dada às técnicas de diferenciação, representação e descrição dos campos de estudo, sobretudo no desejo de instrumentalizar o leitor de modo mais efetivo para a cartografia de paisagens. Estas mudanças foram motivadas pelas demandas daqueles que me procuraram com sugestões e dúvidas em relação à primeira edição. Nesses 4 anos, eu tive a oportunidade para discutir o conteúdo e aplicações do livro com colegas e estudantes de outras universidades, o que foi muito positivo.
CT: Por que considera o seu livro um material interessante tanto para graduados como para pós-graduados?
LC: O livro explora a elaboração de mapas de paisagens desde os princípios interpretativos até a descrição de campo, passando pelo planejamento da atividade. É interessante para ambos na medida em que serve como fundamento para a execução de atividades profissionais (produtos de licenciamento e zoneamento ambiental), tanto quanto para a pesquisa científica, sobretudo no âmbito da caracterização integrada de áreas.
CT: O que cada um desses públicos busca no livro?
LC: A experiência docente tem me mostrado que os graduados buscam o livro guiados por um desejo de integrar os diferentes conteúdos que eles veem nas disciplinas especializadas, mormente no objetivo de resolver problemas da prática profissional.
Quanto aos pós-graduados, é comum que o livro seja utilizado para uma compreensão ampla de padrões espaciais na natureza (paisagens) e avaliação dos impactos provocados pelo uso da terra nesses padrões. Não é incomum que o mapa de paisagens, mesmo quando elaborado para fins acadêmicos, termine sendo aproveitado para os propósitos do planejamento em maior ou menor grau.

CT: Como é o trabalho de um cartógrafo de paisagens?
LC: Na verdade, um cartógrafo de paisagens é um geógrafo especializado em estudos integrados do ambiente. É uma atividade plural na medida em que demanda a adoção de princípios gerais para o estudo das interações entre os diferentes componentes das paisagens.
É preciso um pouco de versatilidade e erudição nos diferentes temas da geografia física (clima, geologia, geomorfologia, hidrologia, vegetação, solos e uso da terra, principalmente). Por isso, é muito mais fácil quando escolhemos um grupo de territórios (como o as do semiárido, por exemplo), o que já restringe bastante o volume de leitura necessário para que se possa interpretar com clareza os principais condicionantes das paisagens.
CT: Você registrou muitas fotos que estão no livro. Considera o fato de ‘ir até as paisagens’ a parte mais excitante do seu trabalho?
LC: Com certeza! É uma das principais motivações para o meu trabalho. Tenho um gosto especial pela natureza, sobretudo por lugares pouco habitados, trilhas e acampamento. O trabalho de campo é imprescindível para compreender as paisagens.
Tudo a ver
Recomendada para estudantes de graduação e pós-graduação em Geografia, Cartografia de paisagens – 2ª ed. trata, de forma clara, concisa e didática, do conceito de paisagem e dos princípios metodológicos para sua classificação, assim como das técnicas de representação e de observação em campo. Também aborda questões específicas sobre a identificação e a taxonomia das paisagens.