A flotação de minérios auríferos no Brasil

Foto de trator carregando minérios.

(Foto: Divulgação)

A aplicação da flotação como uma etapa no processamento de minérios de ouro, considerando a mineralogia prevalecente no minério, foi classificada da seguinte maneira:

  • flotação de minérios com partículas de ouro nativo;
  • flotação de ouro associado com sulfetos:
    • ouro associado com pirita, pirrotita e arsenopirita;
    • ouro associado a minerais como calcopirita e bornita em minérios de cobre;
    • ouro associado com sulfetos de Cu, Pb, Ag, Zn;
  • flotação de ouro em sistemas mistos:
    • parte do ouro ocorre como partículas de ouro nativo e parte associada a sulfetos.

Em geral, o esquema de flotação aplicado a minérios de ouro, com ouro associado a sulfetos ou não, visa a flotação conjunta (bulk) de ouro e sulfetos. Essa prática se justifica, em parte, pela dificuldade de separação seletiva entre partículas de ouro livre e sulfetos (mais adiante, abordaremos essa questão em detalhes).

No caso específico de flotação de sulfetos contendo ouro associado, a principal ação modificadora é a ativação por cátion cúprico (geralmente adicionado sob a forma de sulfato), importante particularmente no caso de o sulfeto associado a ouro ser a pirita, apesar de ser empregado com sucesso em outros sistemas.

A escolha de depressores de ganga depende dos minerais presentes e de outras condições, como granulometria etc. Combinações e dosagens adequadas de coletores, ativadores e depressores são essenciais. Além de atuar diretamente na modulação da ação do coletor, os modificadores podem também afetar as características da espuma. Por exemplo, a dosagem excessiva de CuSO4 pode acarretar instabilidade na espuma.

Há registro de uma primeira operação industrial nos anos iniciais da década de 1950, com minérios de chumbo, na fronteira SP/PR. Com relação ao ouro, na década de 1980 a Mineração Manati, em Mato Grosso, utilizava a flotação para obter concentrado de calcopirita e ouro, que era destinado à exportação. Embora de pequena capacidade, foi um marco pelo emprego industrial de flotação em coluna no Brasil. Essa operação foi fechada em 1991, com a exaustão da jazida.

Atualmente, três empresas de mineração de ouro no país utilizam a flotação como principal processo de concentração e contribuem significativamente para a produção brasileira. Os três importantes produtores, todos localizados em Minas Gerais, são:

  1. AngloGold Ashanti Mineração (antiga Mineração Morro Velho);
  2. Rio Paracatu Mineração (RPM);
  3. São Bento Mineração (adquirida em agosto de 2008 pela primeira empresa).

Estima-se que 12 t, cerca de 27% da produção industrial brasileira de ouro (44 t), se originem da técnica de flotação. Nas três usinas citadas são empregadas células mecânicas de subaeração. Não se usa flotação em coluna.

A RPM e a São Bento também empregam flash flotation ou unit flotation. A AngloGold utiliza mesa estática (plane table).


Para saber mais

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Capa do livro A flotação no Brasil.

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