Metamorfose fluvial: a transformação do rio

Entenda a transformação do rio tanto em seu funcionamento como em sua estrutura morfológica

Imagem aérea de rio cortando a vegetação de uma floresta em curvas.

(Foto: Divulgação)

Por sua própria natureza, um rio está sempre em mudança. Entende-se por mudança ou metamorfose fluvial o elenco de respostas das variáveis dependentes de um sistema fluvial em face de alterações impostas por condicionantes intrínsecas ou extrínsecas ao sistema.

Causas das mudanças

Todos os sistemas fluviais do planeta, em maior ou menor intensidade, foram afetados pelas mudanças climáticas extremas que ocorreram durante o Quaternário.

Tais mudanças climáticas, tão acentuadas e abruptas, afetaram profundamente os sistemas fluviais, uma vez que, além da temperatura, que variou entre 6 °C e 10 °C a menos que a atual, ocorreram flutuações na precipitação.

“De forma geral, as glaciações afetaram mais intensamente os continentes do hemisfério Norte, ao passo que a massa continental do hemisfério Sul foi submetida a intensas mudanças na precipitação. Embora não totalmente sincrônicas nem com a mesma intensidade para todas as regiões da Terra, as alterações climáticas ocorridas a partir da última glaciação foram as que mais afetaram os sistemas fluviais”, contam o geólogo José C. Stevaux, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e Edgardo M. Latrubesse, professor da Universidade de Texas em Austin, Estados Unidos, no livro Geomorfologia Fluvial.

Neotectonismo

Além dos efeitos causados pelas mudanças climáticas, os sistemas fluviais são também afetados por movimentações tectônicas.

O efeito do tectonismo é sentido nos sistemas fluviais por modificações que variam tanto espacial (em escalas localizadas ou regionais) como temporalmente (em diversas escalas) e depende não somente do tipo e da intensidade do tectonismo, mas também da natureza da bacia hidrográfica.

Os movimentos superficiais podem ser sísmicos ou gravitacionais (assísmicos), conforme a natureza da energia que os gera, e podem produzir falhas, dobras ou basculamentos.

As falhas podem ser transcorrentes, sem rejeito vertical, cuja identificação é imediata pelo deslocamento lateral do canal do rio. Também podem possuir movimentação vertical, gerando blocos altos e baixos que provocam alteração positiva ou negativa no gradiente do canal, ao que os canais respondem geralmente com agradação ou degradação.

“Quando o canal é bloqueado por um bloco alto de uma falha, pode correr ao longo da falha ou ter seu fluxo represado, formando um lago. As dobras e basculamentos afetam o canal de maneira muito semelhante às falhas, mas, em geral, de modo mais sutil. Assim, não apenas o canal pode ser afetado por tectonismo, mas as mudanças podem se estender a toda a bacia hidrográfica”, explica Stevaux.


Para saber mais

Geomorfologia fluvial integra a coleção básicos em Geografia, oferecendo uma sólida introdução aos processos fluviais e às morfologias derivadas, ressaltando sua importância no gerenciamento, preservação e recuperação dos rios.