Patologias de fundações no Brasil ainda preocupam

Investigação precária do solo é a grande responsável pela maioria das patologias de fundações do país

As patologias de fundações costumam ocorrer ou se originar em diferentes etapas da vida de uma fundação, como: caracterização do comportamento do solo, análise e projeto das fundações, execução das fundações, eventos pós-conclusão e ainda degradação dos materiais.

No entanto, o número maior de origem de patologias se deve ao desconhecimento das condições do subsolo decorrentes de maus ou insuficientes processos de investigação. No Brasil, a investigação do subsolo deveria ser encarada como um investimento para melhorar a qualidade e a segurança do projeto, porém o que a maioria das empresas vê é apenas o custo no processo de fundações.

Foto tirada de baixo para cima de um canteiro de obras, com as estacas de fundações se erguendo na direção do céu, e um guindaste ao fundo.

Análise precisa do solo é um dos meios de evitar as patologias

“Numa obra, normalmente o que acontece é que se procuram menores custos, e os menores custos de serviço necessariamente levam à má prática. Para a investigação do subsolo são contratadas empresas que fazem a investigação por custo menor, só que isso acaba resultando em investigação insuficiente ou não adequada. Não há uma valorização da etapa de investigação do subsolo, provavelmente por conta de um desconhecimento generalizado da relevância dessa investigação”, relata o engenheiro Jarbas Milititsky, Vice-Presidente para a América do Sul na International Society of Soil Mechanics and Geotechnical Engineering.

Influência na crise

Perguntado se essa avaliação frágil do solo pode contribuir para o aumento na crise do País, levando em consideração que muitas vezes o preço que se paga para consertar o erro mostra-se maior daquele pago no início, o também autor do livro Patologia das fundações é bem enfático.

“Na realidade, quando se trata de obras públicas brasileiras, não vou me ater aqui aàquestão da corrupção, o que acontece é que os órgãos estatais brasileiros perderam qualidade técnica. Não há valorização do lado técnico, e então os grandes contratantes públicos brasileiros não têm a devida qualificação para a contratação de serviços. A contratação é feita sempre pelo menor preço, sem que haja uma análise crítica se a solução é adequada ou não. Nós convivemos com o pior e o melhor dos mundos, pois aqui existem profissionais altamente qualificados, empresas qualificadas e tecnologias adequadas, assim como temos profissionais pouco qualificados, empresas mal equipadas e práticas ruins, ou seja, temos uma variação muito grande, mas infelizmente a nossa média é ruim”.


Para saber mais

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Capa de Patologia das fundações.