Planejando a previsão de impactos ambientais

Definir um roteiro de trabalho de previsão de impactos faz parte do planejamento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

Um dos principais objetivos da avaliação de impactos ambientais é, certamente, a previsão de mudanças nos sistemas naturais e sociais decorrentes de um projeto de desenvolvimento.

Assim, todo estudo de impacto ambiental deve apresentar um prognóstico da situação futura, no caso de realização do empreendimento analisado. A previsão é um dos passos da análise dos impactos.

Grande desmatamento em um morro para a construção de projeto urbano.

(Fonte: Eukarya – Consultoria Ambiental)

Nem todos os impactos são passíveis de previsão quantitativa, e nem todos são suficientemente significativos para que se despenda tempo e dinheiro tentando quantificá-los, mas todos devem ser satisfatoriamente descritos e qualificados no Estudo de Impacto Ambiental.

A atividade de previsão de impactos envolve, basicamente, cinco passos:

Escolha de indicadores 

Equivale a decidir o que prever, selecionando os indicadores que serão empregados para realizar o prognóstico, e levando em conta não somente a “previsibilidade”, mas também a capacidade e o custo de monitorar esses parâmetros, caso o projeto siga adiante (isto é, na fase de acompanhamento, após a decisão).

Determinar como fazer a previsão, tarefa que pode ser subdividida em duas, a saber:

  • Definir materiais e métodos de trabalho (por exemplo, o uso de um modelo, qual modelo).
    • Justificar as razões da escolha (por exemplo, por ser um método aprovado pelo órgão regulador, como um modelo de dispersão de poluentes atmosféricos, ou um método clássico e de emprego universal, como os usados para dimensionar obras hidráulicas e que dependem de previsões de vazão).

    Calibração e validação do método

    Procedimento necessário quando se emprega um modelo desenvolvido para outra situação, cuja validade para um uso diferente precisa ser analisada. Os resultados que podem ser obtidos dependem de certas hipóteses (em geral simplificadoras) e de certos pressupostos (em geral conservadores, isto é, a favor da segurança); tais hipóteses e pressupostos devem ser explicitados para que os usuários (o leitor do EIA, o proponente do projeto, o analista técnico, os responsáveis pela tomada de decisões) compreendam os limites das previsões.

    Aplicação do método e obtenção dos resultados

    Este passo significa, finalmente, “fazer as previsões”.

    Análise e interpretação 

    Dados brutos são de pouca utilidade para a tomada de decisões, e é função do analista interpretar os resultados dentro do contexto da avaliação de impacto em curso; nessa interpretação pode ser pertinente discutir as incertezas das previsões e a sensibilidade dos resultados, ou seja: quais seriam os resultados se as hipóteses e os pressupostos adotados não se revelarem verdadeiros?

    Como nas demais tarefas na preparação de um EIA, pode ser necessário discutir com o órgão ambiental (e com algumas partes interessadas) quais abordagens serão utilizadas na previsão de impactos, se há real necessidade de fornecer previsões quantitativas, quais os indicadores mais apropriados e, se houver uso de modelos matemáticos, quais são aceitos ou se há restrição a algum modelo. De comum acordo, algumas dessas definições podem ser incluídas nas diretrizes ou nos termos de referência para o estudo.


    Para saber mais

    Confira o livro Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos, uma obra referência para estudantes, pesquisadores e profissionais que traz temas como justiça ambiental, serviços ecossistêmicos e impactos sobre a saúde.

    Com as modificações feitas na 3ª edição, o autor espera que o livro tenha se tornado não somente mais atual e mais completo, como também mais fácil de ser consultado pelo estudante, pelo pesquisador e pelo profissional.