A popularização do concreto pré-moldado no Brasil

Com mais de 40 anos dedicados à engenharia nacional, o Prof. Mounir Khalil El Debs faz uma análise sobre o início do concreto pré-moldado no Brasil

No passado, o setor de concreto pré-moldado no Brasil era concentrado em poucas empresas. Seu crescimento ocorreu nas décadas de 1960 e 1970, e continuou até o início da década de 1980, quando veio a crise na construção civil.

Foto de um trabalhador da construção civil do Brasil olhando para a câmera enquanto ajusta uma estrutura de concreto pré-moldado.

Trabalhador da construção civil (Fonte: Pixabay/Skeeze)

Início do pré-moldado

Foi então que um grande impacto no segmento aconteceu, com o surgimento das fábricas para construção de escolas de argamassa armada, os chamados Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente.

“Os condicionantes de construção da primeira escola, que seria transitória, no interior de Goiás, eram: previsão de desmontabilidade, arquitetura própria para clima quente e seco, ambiente não agressivo para a argamassa armada, montagem manual e emprego de mão de obra local”, conta Mounir Khalil El Debs, professor sênior do departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP.  

Popularização

O sistema, com algumas mudanças, foi empregado em todo o País no início dos anos 1990. Mas, naturalmente, as condições não eram as mesmas da primeira escola.

Elas não eram transitórias, os locais onde eram construídas não eram quentes e secos, o ambiente era agressivo, o que trazia problema de durabilidade para a argamassa armada, e não havia mais necessidade de utilizar pré-moldados leves.

“Embora tivesse sido feita uma quantidade considerável de escolas, o sistema foi sendo abandonado. Mas seu impacto foi grande na criação de novas empresas no segmento em diversas regiões do País. Podemos dizer, assim, que o concreto pré-moldado se popularizou”, relata Mounir.


Para saber mais

As potencialidades do concreto pré-moldado são pouco exploradas no Brasil, apesar do intensivo processo de urbanização da população e adensamento das cidades. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações, de Mounir Khalil El Debs, procura motivar os leitores para sua aplicação, rompendo um círculo vicioso: não se constrói porque não se têm insumos tecnológicos (conhecimentos, experiência, equipamentos e dispositivos auxiliares) e não se têm os insumos tecnológicos porque não se constrói.

Com mais de 400 páginas, o livro está dividido em 4 partes e 13 capítulos, compreendendo desde os fundamentos do concreto pré-moldado, prosseguindo pelas aplicações em edifícios, pontes e outras construções civis e completando com os elementos de produção especializada. Na última parte são apresentados anexos, que entre outros assuntos, incluem exemplos numéricos.

Capa de Concreto pré-moldado.