Prospecção geofísica

Tradicionalmente, na Engenharia Civil, a prospecção geofísica era preferencialmente efetuada nas obras ocupando grandes áreas ou com considerável desenvolvimento linear, como barragens e obras viárias, precedendo geralmente a prospecção mecânica.

Foto de um engenheiro realizando prospecção geofísica.

A prospecção geofísica desdobra-se nos métodos sísmicos, que induzem no terreno ondas elásticas (como o método sísmico de refração, o ensaio sísmico entre furos, o método das ondas de superfície), e nos métodos eletromagnéticos, que induzem corrente elétrica ou ondas eletromagnéticas (como o método da resistividade elétrica e o georradar) no terreno.

Exemplos de aplicação

Como exemplos de aplicação dos métodos geofísicos, podem ser nomeados:

1. A avaliação da profundidade da camada dura sob aluvionar mole.

2. A avaliação da espessura de alteração de um maciço rochoso, por exemplo, para previsão do custo de desmonte num trecho de estrada em escavação.

3. O estudo de localização de áreas de empréstimo ou de pedreiras para barragens, quer de aterro, quer de concreto.

4. A identificação de cavidades no subsolo quando se pretende construir sobre formações cársticas.

5. A identificação de falhas e outros acidentes tectônicos junto de estruturas cuja segurança exija requisitos especiais, como grandes barragens ou centrais nucleares.

Como acontece com frequência com tecnologias usadas para determinado fim, os aspectos vantajosos da prospecção geofísica estão intimamente relacionados às suas limitações. Com efeito, se, por um lado, a prospecção geofísica permite estudar grandes volumes do terreno, de qualquer tipo, de forma relativamente rápida, econômica e sem necessidade de intrusão, por outro, por não envolver coleta de amostras ou furação do terreno, a interpretação dos seus resultados em certas condições é difícil e pode mesmo não ser conclusiva.

Esquema ilustrando prospecção geofísica.

Nos anos mais recentes, a aplicação dos métodos geofísicos na prospecção geotécnica propagou-se consideravelmente, o que resultou da conjugação de diversos fatores:

• o avanço nas técnicas de aquisição, tratamento e interpretação de resultados, aspecto crítico nesse tipo de prospecção;

• a aplicação de novos métodos (como o georradar e as ondas sísmicas de superfície);

• a conjugação, na mesma aparelhagem, de métodos tradicionais de prospecção mecânica com métodos geofísicos;

• a aplicação comparada de métodos geofísicos no campo com os mesmos métodos em laboratório sobre amostras em condições bem definidas.

Na sequência desse progresso, atualmente os métodos geofísicos passaram a ser usados não apenas para obras que ocupam grande superfície ou comprimento, mas também para locais relativamente pequenos e, frequentemente, com objetivos abrangendo a avaliação de propriedades mecânicas das diversas camadas do maciço. Essa evolução determinou também que a prospecção geofísica não preceda necessariamente a prospecção mecânica, mas com ela seja combinada, em termos temporais.


Para saber mais

Esse texto retirado do livro Mecânica dos solos: introdução à Engenharia Geotécnica. O livro serve como referência no estudo da teoria e dos métodos de concepção e projeto de obras e estruturas geotécnicas para estudantes e como manual de apoio para profissionais de Engenharia.

Lançado no mês de setembro, no 47º Congresso Brasileiro de Geologia, o autor, Manuel de Matos Fernandes, foi o homenageado na Conferência Pacheco Silva.

Expert em grandes escavações em meio urbano, larga experiência profissional internacional e com expressiva vivência acadêmica e pesquisas relacionadas à área, consegue nesta obra, de forma magistral, simplificar a Mecânica dos Solos.

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