Raios em vulcões

A formação de raios na atmosfera ainda é um enigma para muitos cientistas, mas existe um fenômeno ainda mais curioso que foi capturado por diversos fotógrafos ao redor do mundo: raios que se formam na boca de vulcões ativos.

Até o momento, muitos pesquisadores concordam que este processo tem início quando as partículas se separam, seja após uma colisão ou quando partículas maiores se partem.

Uma das hipóteses para a formação destes raios está na possibilidade de uma diferença aerodinâmica entre essas partículas levar as que possuem carga positiva a se afastarem das negativamente carregadas. Quando a separação da carga é tão alta que supera a resistência do ar, a eletricidade flui entre as partículas. Os raios são este fluxo de eletricidade.

Outra hipótese envolve as bolhas de magma ou as cinzas do vulcão, que possuem cargas elétricas e, com o movimento, conseguem criar áreas separadas de cargas elétricas opostas – a condição para a criação dos arcos voltaicos. Embora a erupção vulcânica em si seja incapaz de gerar carga elétrica suficiente para acender relâmpagos, os cientistas acreditam que as cargas elétricas são geradas quando fragmentos de rochas, cinzas e partículas de gelo na nuvem colidem para produzir cargas estáticas, da mesma maneira que as partículas de gelo colidem para criar trovoadas regulares.

O raro espetáculo recebeu o nome de “tempestade suja” e até agora já foram registradas as incidências de raios vulcânicos com até 3,5 km de comprimento. Veja algumas das fotografias:

Vulcão Chaitén

Raios misturados à fumaça do vulcão Chaitén

Onde fica: Chile
Altitude: 1.122 m
Última vez que entrou em erupção: 2008, após aproximadamente 8.000 anos.

Vulcão Eyjafjallajökull

Raios misturados à fumaça do Vulcão Eyjafjallajökull.

Onde fica: Islândia
Altitude: 1.666 m
Última vez que entrou em erupção: 21 de março de 2010, fazendo com que o espaço aéreo de diversos países da Europa fossem fechados por conta da fumaça.

Vulcão Grímsvötn

Raios ao lado da fumaça do Vulcão Grímsvötn.

Onde fica: Islândia
Altitude: 1.725 m
Última vez que entrou em erupção: 21 de maio de 2011, que foi considerada uma das piores erupções deste vulcão (que também é o mais ativo da Islândia).

Vulcão Shinmoe-dake

Raios misturados à fumaça do Vulcão Shinmoe-dake.

Onde fica: Japão
Altitude: 1.420 m
Última vez que entrou em erupção: janeiro de 2011, após 52 anos em repouso. O vulcão voltou a se tornar ativo após o terremoto e tsunami que afetaram as regiões próximas.

Vulcão Puyehue

Raios no topo da fumaça do Vulcão Puyehue.

Onde fica: Chile
Altitude: 2.440 m
Última vez que entrou em erupção: 2011, na qual explodiu uma nuvem de cinzas para o ar que prejudicou voos de aeroportos na Argentina, Uruguai e Paraguai. No Brasil, a nuvem causou cancelamentos principalmente no aeroporto de Porto Alegre. 

Vulcão Arenal

Raios em volta do Vulcão Arenal.

Onde fica: Costa Rica
Altitude: 1.663 m
Última vez que entrou em erupção: 2012, derramando lavas, cinzas e gases, o que provocou a evacuação do parque nacional onde está localizado.


Para saber mais

Ao ver fotos incríveis de vulcões como as que serviram de ilustração para esta matéria, muitas pessoas ficam se perguntando como é possível se aproximar para capturar estas imagens.

Por isso, Rosaly Lopes, especialista em vulcanismo planetário do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa, revela em sua obra Turismo de Aventura em Vulcões como tirar belas fotos de vulcões dormentes e ativos. O livro também fala sobre as regras de sobrevivência na exploração de um vulcão, equipamentos necessários e oferece dicas de alguns vulcões para começar a visitar. Com uma grande riqueza de ilustrações e informações, é ideal para caçadores de aventuras e interessados em fenômenos geológicos.