A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) iniciou, em 2002, um grande projeto com a publicação de livros-textos sobre vários tópicos ligados à Ciência do Solo. Estes livros tornaram-se referência em todos os cursos de Ciências Agrárias no Brasil, seja de graduação ou pós-graduação, graças à atualidade dos temas e profundidade de abordagem.
Com a apresentação deste volume, enfocando o Manejo e Conservação do Solo e da Água, a SBCS explicita sua preocupação com o nosso solo sob constante ameaça, apresentando uma obra com abordagem ampla, realizada por profissionais de reconhecida competência e comprometidos com a sustentabilidade. Cobrindo praticamente todos os cenários e as conexões necessários ao manejo e conservação do solo e da água, este compêndio será uma referência obrigatória para todos os profissionais e escolas ligados à Ciência do Solo.
São 42 tópicos abordados por 156 profissionais altamente qualificados e conhecedores da diversidade dos solos e dos manejos de Norte a Sul e de Leste a Oeste deste imenso Brasil. Só sociedades científicas com o porte da SBCS têm o fôlego e competência para estruturar um projeto dessa envergadura.
Uma atenção especial é apresentada para o manejo, controle da erosão e conservação do solo e da água nos principais ambientes de cultivo brasileiros, pois são áreas extensas, com alta produção e merecedoras de muita atenção e cuidados.
Vivemos um novo cenário agrícola. O Brasil, que até os anos 70 era importador de alimentos, hoje pratica uma agricultura intensiva e inserida no cenário mundial. Portanto, devem ser intensos os cuidados com o manejo e conservação do solo e da água.
A frase de Arthur Mangarino Torres Filho em seu discurso de formatura na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) em 1910: "O solo é a Pátria, cultivá-lo é engrandecê-la”, tornou-se o lema da Revista O Solo. Hoje teríamos que adequá-la para os novos tempos: "O Solo é a Pátria, cultivá-lo e conservá-lo é engrandecê-la e garantir a sustentabilidade e a vida”.
Quando nos deparamos com um livro como este vêm-nos à mente quantos profissionais colaboraram anonimamente ou não para todo este cabedal de conhecimento. E a vontade de enumerá-los todos é grande. A possibilidade de, inadvertidamente, deixar alguém de fora da lista, também! Assim, escolhemos um luminar da agronomia para representar o grande elenco de colaboradores. O Engenheiro Agrônomo Dr. Fernando Penteado Cardoso, formado em 1936 pela ESALQ, sempre se preocupou com conservação do solo e da água, começando em suas propriedades. Enquanto o IAC começava a implantação de talhões coletores para as medidas de perdas de terra e água por erosão no início da década de 1940, relatórios da Seção de Conservação do Solo mostravam registros fotográficos de cordões em contorno já implantados em suas propriedades. Esse procedimento conservacionista foi reconhecido com uma significativa homenagem em 1991, por ocasião das comemorações do cinquentenário da Conservação do Solo na Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Com a chegada dos conceitos de semeadura direta na década de 1970, mais uma vez destacou-se como líder na divulgação desse sistema de cultivo, que culminou em 2001 com a criação da Fundação Agrisus, cuja missão é apoiar projetos em Agricultura Sustentável. A sustentabilidade a que se refere o Dr. Fernando Penteado Cardoso é perfeitamente entendida em uma de suas frases prediletas: “O solo é um bem que tomamos emprestado de nossos sucessores”.