O livro divide-se em duas partes: a biologia e a ecologia da espécie, com texto de Evaristo Eduardo de Miranda, e os mitos e os significados culturais, de Liana John. A publicação tem projeto gráfico de Victor Burton, 300 páginas em papel couché fosco e 189 ilustrações e fotos de diversos autores nacionais e estrangeiros, entre eles Fabio Colombini e Ronaldo Graça Couto, criador do projeto. 'Jaguar', o livro, descreve casos emocionantes do perigoso contato entre o homem e a fera, muito antigos como o do padre austríaco Antonio Sepp (1655-1733), até recentes, como do o agricultor amazônico Ivanildo Reis, 28 anos, que virou mito em março de 2010, quando venceu a onça num corpo-a-corpo, com ajuda de oito cães ferozes. Fatos históricos como a relação entre a pecuária e o jaguar, além da presença da espécie pelos países do continente também fazem parte da obra, que alerta para a urgência de conservação da espécie em seu habitat, já reduzido à metade do império iniciado há cerca de 10 mil anos: hoje a onça-pintada se espalha por 9 milhões de km², sendo 50% dessa área no Brasil. O reflexo cultural dessa longa jornada evolutiva está na segunda parte da obra, onde numerosos mitos, lendas e representações das mais diversas regiões das Américas são reunidos, trazendo pistas do fascínio exercido pelo jaguar sobre todos os povos. O texto chega ao presente, relatando alguns casos em que a divindade a ser reverenciada quando se pede chuva ainda é a onça-pintada, além dos aspectos pitorescos do mundo dito civilizado, a exemplo da escolha do nome do felino para o elegante automóvel que permanece um sonho de consumo 75 anos após seu lançamento e, ainda, abrange as menções literárias à onça e seus significados. A obra reúne a mais ampla iconografia sobre o jaguar jamais publicada em termos mundiais, tanto do bicho real quanto das variadas formas de cultuar a espécie, com ênfase nas culturas pré-colombianas que foram povoadas por deuses e guerreiros-jaguar.