O emprego de emissários submarinos como o destino de efluentes sanitários submetidos a tratamento prévio constitui uma eficiente alternativa, em virtude da elevada capacidade de dispersão e depuração da matéria orgânica no ambiente marinho. Esta capacidade está associada a grande energia disponível devido à ação das correntes marinhas, disponibilidade de oxigênio dissolvido, e pelo fato do meio se constituir como um ambiente hostil à sobrevivência de microrganismos.
É apresentada uma abordagem multidisciplinar acerca do tema considerando os aspectos oceanográficos; processos de mistura do efluente; degradação microbiológica no ambiente marinho; modelagem computacional aplicada a dispersão de poluentes domésticos; avaliação preliminar do comprimento da tubulação de emissários submarinos; e estudos de caso e aplicações.
De forma equivocada, em muitas ocasiões a causa da poluição observada nas praias e regiões costeiras é associada aos emissários submarinos. Ao contrário comprometimento das condições de balneabilidade das áreas litorâneas se deve a ligação não integral das redes coletoras de esgotos aos emissários. Muitas ações de mitigação da poluição costeira têm remetido à captação de águas poluídas para posterior lançamento submarino em condições de tempo seco. Adicionalmente, é importante ressaltar que o saneamento compreende integrar esgotamento sanitário, drenagem pluvial, abastecimento de águas, e resíduos sólidos, devido à interdependência entre estes sistemas. Efluentes sanitários não canalizados sobrecarregam as redes de drenagem e poluem diretamente os cursos d’água; águas pluviais incrementam as vazões de esgotos a serem tratadas; resíduos sólidos obstruem redes de drenagem; e o aumento no abastecimento de águas reflete em aumento no esgoto a ser tratado. Em outras palavras as ações de saneamento devem ser integralizadas. Particularmente, no que concerne ao esgotamento sanitário, emissários submarinos constituem uma eficiente solução principalmente em regiões urbanas muito adensadas onde não há espaço para implantação de estações de tratamento convencionais.