Este é um livro-experiência, em que, em vez de desenhos para colorir, você terá manchas de cores para desenhar sobre elas.
Toda mancha esconde uma figura. Ou várias. E elas podem ganhar vida com alguns poucos traços. Surpreendentemente simples. Simplesmente surpreendente. Este exercício criativo é o que propõem a você os desenhistas Peng e Hu, com sua coleção de manchas sugestivas e muito coloridas, organizadas em dezenas de páginas para serem preenchidas pelo leitor.
Hirameki é uma palavra japonesa que significa “um súbito lampejo de inspiração” ou uma ideia brilhante, usada para descrever um momento de insight criativo ou de pensamento. No livro, cada pequena mancha revela sua verdadeira essência ao ganhar alguns poucos pontos e traços, em perfeita harmonia com a imaginação do observador. Assim, Hirameki nos proporciona uma sensação profunda de algo sublime e inesperado, que encanta o olhar, a mão e o cérebro, celebrando a felicidade nos mínimos detalhes.
Duas capacidades mentais fundamentais se encontram em Hirameki: a busca do sentido e o autoconhecimento. Apesar disso, o desenho sobre manchas muitas vezes se mantém no reino do absurdo. E isso é muito divertido!
Peng e Hu descobriram o fenômeno Hirameki em papéis onde encostavam seus pincéis, nos pisos e nas paredes de seus ateliês, ou mesmo em suas próprias roupas. A partir disso, desenvolveram essa forma de arte engenhosa acessível a todos. E, desde então, em suas palestras e oficinas de desenho, até mesmo os iniciantes completamente inexperientes passaram a mergulhar em um grande frenesi de rabiscos, criando criaturas surpreendentes a partir das manchas.
Essa experiência revigorante despertou a intensa paixão de Peng e Hu por colecionar borrões e manchas. Sua coleção inclui uma quantidade inacreditável de exemplares que encontraram pelo mundo, ou que produziram e fotografaram eles mesmos. Certa vez, Hu viu, do convés do navio, uma mancha vermelha flutuando no oceano. Ela tinha mais ou menos a forma de uma bermuda. Peng conseguiu um balde pequeno, amarrou uma corda, coletou uma amostra da mancha e a provou, corajosamente. Então descobriram que era uma sopa de tomate velha que o cozinheiro do navio havia jogado ao mar.
Em outro caso, ao darem uma volta ao redor da Terra, os astronautas descobriram uma mancha gigantesca, maior que o continente americano. Peng e Hu receberam as imagens via satélite e, após uma análise meticulosa, confirmaram que a mancha era na verdade uma mariposa esmagada na escotilha da cápsula espacial. Pouco depois, receberam uma carta de agradecimento da Nasa e, também, a imagem da mancha para sua coleção.
Recentemente, um mágico famoso ofereceu um banquete em homenagem a Peng e Hu. Após os habituais comprimentos de boas-vindas, os convidados pediram um número de mágica. Então o mágico tirou um saco de tinta da manga e o arremessou contra a parede. No momento em que o saco voava em direção à parede, Peng e Hu pegaram seus pincéis e, usando-os como se fossem espadas, desenharam traços aleatórios na parede. Quando o saco estourou, era possível reconhecer claramente esta ou aquela imagem. “Uau!”, exclamaram os entusiasmados convidados, que ficaram maravilhados até o amanhecer.